A visão do mercado é taxativa: o petróleo só se manterá como a principal fonte da matriz energética global por mais 40 anos.
Essa previsão, que para muitos pode até ser uma "premonição", é o início da contagem regressiva para o mercado do petróleo nacional colocar em prática o desenvolvimento de projetos e operações que possam transformar o potencial geológico fantástico das reservas brasileiras em combustível para a retomada da indústria offshore, a restruturação da economia nacional e a geração de milhares de postos de trabalho.
Mas, o grande desafio hoje é garantir que todos os discursos referentes ao petróleo sejam afinados, em uma orquestra onde o desenvolvimento e a prosperidade precisam ser os grandes maestros.
E a máxima de que "muitos falam de petróleo, mas poucos conhecem o que é extrair petróleo", precisa ser substituida pela "um por todos, e todos por um", mesmo que o perfil dos interlocutores dessa nova fase do petróleo nacional seja diferente, mas que caminham para um objetivo comum.
E ao afirmar que não existe "Plano B", o prefeito de Macaé, sob a força de presidir também a Organização dos Municípios Produtores de Petróleo (Ompetro), Dr. Aluízio (PMDB), sai na frente ao reproduzir um discurso complementar à 'agenda do petróleo', construida pelas instituições que seguram nas mãos o cronômetro da contagem regressiva do óleo bruto como matriz energética global.
No evento promovido por O DEBATE, junto às instituições do petróleo, em celebração aos 40 anos da Bacia de Campos, Dr. Aluízio falou em união, em amadurecimento e em virtude, qualidades que podem ser associadas, tanto ao desenvolvimento das operações na Bacia de Campos, como também às necessidades que a classe política, que entende ou não de petróleo, precisam assimilar.
"Acho que Macaé nunca foi tão desafiada. Nós que vivemos esses últimos 40 anos, temos a convicção que o Brasil e o mundo nunca viveram um momento tão desafiador como o atual. E só existe um caminho: a conjunção de esforços. Parace retórica, mas não é. Uma cidade madura como Macaé não pode caminhar em pontos distintos. Se há uma virtude dentro de todo esse processo, é o amadurecimento da sociedade macaense. Tenho a convicção do grau de maturidade que as pessoas da cidade têm hoje. E isso é fundamental para o enfrentamento", disse o prefeito.
Mal compreendido pelos outros membros da Ompetro, o efrentamento a que Dr. Aluízio se refere é a necessidade de conseguir unanimidade, dentro de um ambiente tão hostil quanto se produzir petróleo em águas profundas, o pré-sal.
Abrir mão de royalties, para garantir uma nova curva de produção de reservas há quatro décadas em produção na Bacia de Campos, é um passo desafiador, tanto para um município que encara queda de cerca de R$ 250 milhões em receitas do petróleo, quanto para a mesma cidade que ainda é capaz de gerar R$ 2 bilhões em orçamento.
"Tenho certeza que Macaé é uma das poucas cidades que conseguem conviver e enfrentar todos esses percalços, ainda com otimismo, ainda com motivação. E nós precisamos ter essa capacidade de entendimento para que não haja uma frustração. Esse novo momento é amanhã de manhã? Não! É no final de 2017? Não! Mas quem sabe 2018", avaliou o prefeito.
Capaz de alcançar a Petrobras, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e as instituições que participam da dinâmica do petróleo, o discurso da revitalização dos campos maduros consege sim abrir um novo cenário de otimismo em meio à crise que ainda reduz a capacidade de atuação das empresas, que fere o mercado de trabalho e que torna Macaé tão cara e inacessível para muitas famílias que acreditaram no potencial da Capital Nacional do Petróleo.
"Agora, não há um plano B! Ou a gente caminha juntos e consegue ver um novo cenário, ou a gente vai ficar no meio do 'bate-bate', pensando que está indo, mas na verdade rodando em circulos, deixando toda uma história se perder. É ter muita serenidade, muita humildade, mas muita força para o enfrentamento que não será pequeno", avalia o prefeito.
Disposição é demonstrada por todos os atores que se lançam como interlocutores de um mercado presente no cotidiano de Macaé, mas que só é capaz de ser compreendido por quem tem o conhecimento e a chance de transformar toda uma estrutura offshore montada, e um potencial de reservas de petróleo já descobertas, em oportunidades de novos investimentos e geração de postos de trabalho.
E para que os 40 anos que ainda restam para o petróleo não sejam tarde demais para devolver a Macaé e à região a prosperidade cujo combustível segue a quilômetros da linha d'água, nas profundezas das Bacias de Campos e de Santos.
Fonte: O Debate